lunes, 24 de agosto de 2009

oba


Orixá guerreira, sábia, madura e realista.
É ela quem rege a desilusão amorosa, a tristeza, o sentimento de perda, o ciúme, a incapacidade do homem de ter aquilo que ama e deseja. Obá é a raiva, a solidão, a depressão, o sentimento de abandono.
Pela lenda Obá foi enganada por Oxum, que a levou a cortar sua própria orelha para oferecer a Xangô, ele, num gesto de repugnância, expulsou-a de seu reino.
E toda essa dor, essa desesperança, esse abandono, ficou como uma marca registrada de Obá, e tais sentimentos têm a sua regência. Quando nos sentimos traídos, abandonados, sem esperança, com raiva, frustrados em nossos objetivos, desencadeamos essa força da natureza chamada Obá, que mexe em nosso interior. E a lógica diz que Obá é a “última gota” que faz transbordar nossos sentimentos. Daí sua regência também nas enchentes e inundações. É um ato de excesso, de explosão, de revolta, desencadeado por esta força cósmica.
Obá é o ímpeto de vencer, é a força bela de um orixá belo e astuto, guerreira poderosa, dona da roda da vida e da navalha, do corte abrupto.
Lenda:
Obá é possuída por Ogum
Obá escolheu a guerra como prazer nesta vida. Enfrentava qualquer situação e assim procedeu com quase todos os orixás. Um dia, Obá desafiou para a luta Ogum, o valente guerreiro. O ardiloso Ogum, sabendo dos feitos de Obá, consultou os babalaôs. Eles aconselharam Ogum a fazer oferendas de espigas de milho e quiabos, tudo pilado, formando uma massa viscosa e escorregadia.
Ogum preparou tudo como foi recomendado e depositou o ebó num canto do lugar onde lutariam. Chegada a hora, Obá, em tom desafiador, começou a dominar a luta. Ogum levou-a ao local onde estava a oferenda. Obá pisou no ebó, escorregou e caiu. Ogum aproveitou-se da queda de Obá e num lance rápido tirou-lhe os panos, possuindo-a ali mesmo, tornando-se, assim, seu primeiro homem. Mais tarde Xangô roubou Obá de Ogum.

1 comentario:

  1. Uma vez banida do reino de Xangô, Obá se transformou numa guerreira poderosa e perigosa. Costumava vencer todos os seus opositores com relativa facilidade. Obá também possui grande beleza física, que, aliada à sua determinação, coragem e equilíbrio, fazia dela uma pessoa especial.

    E o desejo de possuir tão bela e corajosa guerreira, levava muitos guerreiros a se confrontarem com ela, mas saíam sempre derrotados. E a notícia chegou até Ogum, rei de Ire, e guerreiro invencível.

    O mensageiro trouxe a notícia:

    - Meu senhor, ela é invencível!

    - Eu sou invencível!, Rebateu Ogum, ao mensageiro.

    - Mas ela é poderosa. Ainda não foi derrotada, Senhor!

    - É porque ela não enfrentou Ogum! Disse o próprio.

    E Ogum mandou que seu mensageiro fosse avisar a Obá que ele,Ogum, iria enfrentá-la, derrotá-la e possuí-la.

    Obá recebeu a mensagem e retrucou:

    - Que assim seja...

    Ogum partiu de Ire, em busca de sua poderosa adversária e tinha em mente tomá-la para si. No campo, onde a luta seria travada, Ogum chegou primeiro e, como bom caçador, montou a armadilha para derrotar Obá. Mandou que seus homens triturassem uma grande quantidade de quiabo e passassem pelo chão. Assim, Obá não conseguiria ficar de pé e seria facilmente vencida.

    A hora chegou. Ambos estavam presentes ao campo de batalha. De um lado Ogum, o guerreiro violento e imbatível. Do outro, Obá, a guerreira bela e invencível. No meio, entre um e outro, a armadilha preparada por Ogum.

    Olharam-se, estudaram-se e Obá tomou a iniciativa. Partiu para cima do adversário, sem perceber o quiabo espalhado pelo chão. O tombo foi imediato. Obá não conseguia firmar-se de pé.
    Ogum, que a tudo observava, lentamente dirigiu-se à sua adversária, empunhando a espada. Obá, sentindo que seria vencida, num rápido movimento, puxou Ogum para si, fazendo com que o guerreiro também escorregasse e caísse em sua própria armadilha.

    Foi uma grande luta! Não de cruzamento de espadas, mas para ficar de pé. Durante horas e horas tentaram os dois, em vão erguer-se e derrotar o oponente, mas não conseguiram nem ao menos colocar os dois pés no chão, sem escorregarem em seguida.

    Lutaram até a fadiga total e declararam um empate. Não havia vencedor nem perdedor. Ogum, o invencível, não conseguiu vencer Obá, por sua vez, Obá não conseguiu derrotar o poderoso Ogum.

    Ali mesmo amaram-se, em respeito à força e ao encanto do outro. Afinal, são dois verdadeiros guerreiros. Ogum ainda tentou levá-la para si, mas o coração de Obá pertencia, pela eternidade, a Xangô. E ela partiu para encontrar seu próprio destino, mesmo com dor no coração.

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